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Entrevista | Napoleão Bernardes dá quadro do PSD em SC, fala de Blumenau e eleições 2022

Por: Marcos Schettini
16/02/2021 17:30
Divulgação

Ex-prefeito de Blumenau, nome do PSD com potencial para disputar as eleições de 2022 à majoritária, Napoleão Bernardes se diz orgulhoso e honrado por ter mergulhado no projeto de 2018 como candidato a vice-governador na chapa liderada por Mauro Mariani.

Jovem arrojado, tem um perfil interessante e chama a atenção de lideranças catarinenses, inclusive do ex-governador Jorge Bornhausen, que lhe observa como um quadro carregado de comportamentos ideias para uma trajetória política promissora.

Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, Napoleão Bernardes faz uma leitura do eleitor nos últimos pleitos, falou dos motivos que deixaram o PSD fora da chapa de Mário Hildebrandt (Podemos) na eleição em Blumenau, comentou sobre a ventilação de seu nome para 2022 e analisou os mandatos de Jair Bolsonaro e Carlos Moisés. Ainda, deu um panorama da realidade do PSD em Santa Catarina. Confira:


Marcos Schettini: O Sr. Foi candidato a vice do Mauro Mariani em 2018. O que deu errado naquela eleição?

Napoleão Bernardes: Ter sido candidato a vice-governador aos 35 anos de idade, apesar da grande responsabilidade, foi uma grande honra e me oportunizou um enorme aprendizado. Fiz muitos amigos e conheci muita gente boa por toda Santa Catarina. Reforçou minha convicção e ampliou minha visão quanto às extraordinárias perspectivas e oportunidades deste Estado tão rico e promissor, principalmente pelo seu principal ativo: as pessoas que vivem aqui!

Como muitos sabem, todo meu planejamento foi no sentido de concorrer ao Senado, o que infelizmente acabou não acontecendo por reviravoltas políticas no dia do registro da chapa.

Sou muito grato ao Mauro Mariani e a toda nossa coligação. Todos me acolheram com carinho fraterno. Orgulhei-me em ter caminhado ao lado do Mauro, um líder capaz e com uma bonita biografia de entrega de muitos resultados positivos para Santa Catarina e sua gente.

Infelizmente, a eleição caminhou no sentido a premiar quem tinha um número, não uma história nem uma visão de Estado.


Schettini: Aquele eleitor é o mesmo de 2022?

Napoleão: A eleição de 2020 já demonstrou que a população não está mais disposta a votar num número, por oba-oba. O expressivo índice de reeleição de prefeitos e a maiúscula votação em partidos tradicionais, demonstra que novidades são bem-vindas, desde que tenham experiência, capacidade comprovada, serviços prestados. Política não combina com aventura e não é para aventureiros. Gestão pública é coisa séria. Exige capacidade e preparo. 2020 já foi um indicativo disso e 2022 deve reforçar esse conceito.


Schettini: Na eleição a prefeito, o Sr. indicou o empresário Ricardo Baumgarten na chapa de JPK. Por que o eleitor rejeitou?

Napoleão: O PSD catarinense convidou o prefeito Mário, em fevereiro de 2020, para se filiar ao partido e disputar a reeleição pelo PSD. Na sequência, eu próprio conversei com ele sobre a possibilidade de o candidato a vice dele ser do PSD ou se filiar ao PSD. Naquele momento ainda havia um certo receio em como seria o comportamento do eleitor em relação a partidos tradicionais - embora o PSD seja um partido novo, com apenas nove anos de história. Como não houve resposta do prefeito naquele momento inicial, talvez fruto da preocupação que havia naquele momento quanto à visão do eleitor quanto em relação à conjuntura partidária, próximo do prazo final para as filiações partidárias, o PSD de Blumenau convidou um importante quadro da cidade, o empresário Ronaldo Baumgarten, a se refiliar ao partido. Ele havia se desfiliado em virtude de ter assumido uma das vice-presidências da Fiesc. Ronaldo é um quadro de valor. Ele topou o desafio de ser o nome do PSD na majoritária. Assim o partido passou o bastão para ele decidir se seria candidato a prefeito ou vice e de quem. Ele optou por ser candidato a vice e decidiu por João Paulo Kleinübing, que fez dois mandatos realizadores e aprovados como prefeito de Blumenau. Quando o prefeito Mário voltou a nos procurar, a convenção já estava marcada e a coligação decidida. Em política, palavra é fundamental. E o partido tinha apalavrado ao Ronaldo que ele seria dono do seu destino e da decisão do PSD de Blumenau.


Schettini: O prefeito Mário Hildebrandt foi seu vice. Por que apoiou a chapa perdedora?

Napoleão: Não participei da eleição de Blumenau, até pela excelente relação com o prefeito Mário, com o ex-prefeito João Paulo e, acima de tudo, por respeitar a autonomia que se deu ao Ronaldo para decidir o caminho do PSD de Blumenau. Como eu disse, palavra em política é um ativo fundamental.

Mas na medida em que a campanha do ex-prefeito João Paulo, que como eu disse, foi um prefeito dedicado e fez importantes mandatos, acabou focando na comparação dos seus oito anos de gestão com os oito anos subsequentes, dos quais eu fui prefeito por seis, senti-me bastante contemplado na vitória do prefeito Mário. Na medida em que ele foi reeleito com ampla maioria numa eleição cujo tom foi comparar oito anos com oito anos, dos quais eu fui prefeito por seis, acabei me sentindo contemplado no resultado.

O prefeito Mário teve meu total apoio para ser presidente da Câmara, depois foi vice-prefeito comigo com tinta na caneta, já que acumulou uma importante Secretaria. A vice-prefeita, Maria Regina, foi secretária da Saúde dos meus governos do primeiro ao último dia. É um grande talento. O atual presidente da Câmara, vereador Egídio, foi secretário municipal do meu segundo governo, do primeiro ao último dia.

Várias pessoas que tiveram destaque nos meus governos se elegeram vereadores. E o time de governo do prefeito Mário, majoritariamente trabalhou comigo nos mandatos que exerci. Portanto, a eleição não deixou de ser um grande manifesto de aprovação do nosso trabalho aqui.


Schettini: Seu nome ventila forte no PSD para o governo. Quais são suas ideias?

Napoleão: Fico honrado em ser um nome lembrado dentro e fora do PSD, por lideranças políticas suprapartidárias e muita gente boa da sociedade civil como potencial candidato ao governo. O PSD é um time de craques, repleto de importantes líderes. O PSD está focado na proposição de causas, bandeiras, valores e propósitos, e na construção de soluções para as principais necessidades da população catarinense. Nesse momento, penso em debater essa agenda e dessa forma, contribuir para que o partido lidere uma candidatura ao Governo do Estado. Vou levar ao debate as principais marcas de minhas duas gestões em Blumenau, a causa da qualificação da gestão, com coragem, inovação e transparência.

Schettini: Os tropeços vividos pelo PSD em 2018, a Alcatraz e o racha interno, não sufoca suas intenções?

Napoleão: O PSD catarinense está unido e vai construir a composição da candidatura ao Governo do Estado em harmonia. Sob a liderança do presidente Milton Hobus, com a participação ativa do ex-governador Colombo, o partido e seus líderes vão para a estrada ao longo de todo o ano, para expor, mas, acima de tudo, ouvir. E assim, harmônica e coletivamente, vamos construir a agenda que Santa Catarina precisa, quer e merece. O PSD tem no seu DNA a qualidade das suas gestões. É um partido composto por gente que sabe governar e fazer administrações qualificadas. O índice de prefeitos reeleitos é um indicativo disso. Onde o PSD governa, as administrações são bem avaliadas. E esse vai ser um grande diferencial do partido para a eleição de 2022. Como diz o ditado, a união faz a força. E no PSD estamos unidos em torno de um propósito maior comum: o melhor para as pessoas de Santa Catarina.


Schettini: Com quem o Sr. tem conversado para produzir uma chapa de competição no ano que vem?

Napoleão: A principal aliança que SC espera e precisa é a aliança de propostas. Uma aliança onde os catarinenses se sintam ouvidos e representados. É com esse espírito que o PSD dialoga especialmente com a sociedade civil e com representantes de outros partidos que tenham diretrizes e valores parecidos com os nossos. Grandes lideranças catarinenses são filiadas a partidos diferentes e, nesse momento, todos conversam buscando o melhor caminho. No momento oportuno, que é o momento eleitoral, os partidos definem seus projetos.


Schettini: A pandemia gerou uma disputa municipal esquisita e eleitor se absteve. Foi uma resposta de repúdio?

Napoleão: A pandemia fez com que todas as pessoas voltassem as atenções à solução desse problema. Muitos governos colocaram os pés pelas mãos e acompanhamos inúmeros casos suspeitos e crimes cometidos nesse período. Nas redes sociais as discussões se tornaram mais acaloradas, criando um clima de radicalismo no país. As pessoas já mostravam a sua indignação e em muitos casos, a descrença com a classe política, que foi potencializada na última eleição, com a abstenção acima da média. Mas o maior instrumento da população para combater a corrupção continua sendo o voto. Cabe aos partidos selecionar bons quadros, elaborar e discutir propostas viáveis e, desta forma, reestabelecer a confiança e um ambiente que possamos discutir soluções.

Schettini: Como o Sr. vê o governo de Jair Bolsonaro e de Carlos Moisés?

Napoleão: Procuro ter uma visão otimista. Passados dois anos de mandato, notamos uma mudança no comportamento de ambos. Sabemos que o cenário de pandemia dificultou o andamento dos mandatos, mas isso não pode ser desculpa para tudo. O presidente e o governador devem ser animadores da retomada da economia e do desenvolvimento, os timoneiros que conduzem o país e o Estado ao porto seguro. Para isso, precisam concentrar energia no que realmente importa, sem criar polêmica e discussões que não levam a lugar algum.

Bolsonaro e Moisés, agora com “apoio” da Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa, não têm mais desculpas para não implementar as propostas que os elegeram em 2018. Se o olhar e visão estiverem concentrados na eleição, todos nós perdemos. Espero que ambos estejam focados nas soluções para os problemas do país e do Estado.


Schettini: Se o Sr. é candidato do PSD ao governo, não seria ideal ser o presidente do partido?

Napoleão: O PSD é um partido de grandes líderes, que independentemente de suas posições, estão unidos para a construção de uma agenda de propostas para SC. Para essa construção, sob a liderança do presidente Milton Hobus, cada filiado do partido tem que ser protagonista na sua área de atuação e na sua região. Assim, temos um partido com grandes propostas, recheado de grandes lideranças, sem personificar projeto algum.

Já vimos em outras eleições que a indicação para representar um partido na eleição, seja numa chapa pura ou numa coligação, não deve ser imposta, e sim conquistada junto à base, e principalmente com as melhores propostas, que representem o pensamento do conjunto partidário.

Schettini: Em que o ex-governador Jorge Bornhausen motiva seu mergulho no processo de 2022?

Napoleão: É um grande e respeitado líder em Santa Catarina, no Brasil e em Portugal. Tem sido um grande conselheiro, importante incentivador da minha caminhada além de um fraterno amigo, o que muito me orgulha. Sempre busco aprender com as pessoas que a vida apresenta em meu caminho.


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